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Foto do escritorErick Torritezi

Pais conscientes: como responder em vez de reagir



Como é seu estresse?


Nosso corpo e cérebro são preparados para reagir a situações de alto estresse como uma rede de segurança. Se o nosso cérebro percebe uma ameaça, ele sinaliza à amígdala cerebral, nosso sistema de "alarme", que diz ao nosso corpo para agir sem pensar. A amígdala cerebral responde a situações de forma agressiva, ou através de uma fuga ou paralisia. Isso é para nos proteger, mas nossos receptores de estresse não podem distinguir entre perigos reais ou falsos perigos. Na paternidade cotidiana, nossa reação ao estresse muitas vezes é desencadeada desnecessariamente por eventos muitas vezes "bobos" onde não existe perigo algum. Porém, nosso corpo e mente reagem ao nosso filho derrubando cereais por todo o chão da mesma forma que reagiríamos se estivéssemos sendo perseguidos por um leão na selva africana.


Dependendo de suas experiências e memórias da infância, sua resposta ao estresse pode ser desencadeada mais facilmente do que outra pessoa. Quando nossos receptores de estresse são acionados, temos dificuldade em pensar com clareza e estar atentos às pessoas ao nosso redor. Nós deixamos de ser cuidadosos em nossas respostas e temos dificuldade em manter o foco, e nossa capacidade de resolver problemas é diminuída.


O Dr. Dan Siegel, um psicólogo clínico que estuda o cérebro, explica que durante momentos estressantes, podemos perder o nosso controle e deixar que nossas emoções controlem nossas reações. Isso acontece tão rapidamente que não conseguimos pensar em como nossos filhos estão nos percebendo naquele momento. Nossas reações podem ser muito assustadoras para as crianças. Além disso, estamos passando para as crianças que é assim que os adultos reagem ao estresse. Porém, se decidirmos e trabalharmos nossa mente para ficarmos mais atentos, parando e pensando antes de responder a qualquer estímulo, podemos ensinar às crianças que elas também podem fazer uma pausa e escolher responder em vez de reagir.



O que significa mindfulness na parentalidade?


Gerenciar nossas próprias emoções e comportamentos é a chave para ensinar as crianças a administrar as delas. É a razão pela qual as companhias aéreas nos dizem para colocar nossas máscaras de oxigênio antes que você possa colocar a máscara do seu filho.


Você precisa estar controlado e em equilíbrio antes de poder controlar e equilibrar as emoções do seu filho.

Infelizmente, quando você está estressado, exausto e sobrecarregado, não poderá estar disponível para seu filho.


Parentalidade consciente não significa ser um "pai perfeito ou uma mãe perfeita", mas também não é algo que você pode viver falhando. Não é fácil e requer prática, mas como muitos aspectos da paternidade, alguns dias são bons e alguns são ruins e você pode sempre tentar novamente. Você pode esquecer de estar atento, mas no segundo em que perceber que está distraído, é uma oportunidade de fazer uma escolha diferente - a escolha de estar presente.


Parentalidade consciente significa que você atrai sua atenção consciente para o que está acontecendo, em vez de ser sequestrado por suas emoções. Mindfulness é deixar a culpa e vergonha sobre o passado e se concentrar na presença do agora. É sobre aceitar o que está acontecendo, em vez de tentar mudar ou ignorar. Ser um pai atento significa que você presta atenção ao que está sentindo. Isso não significa que você não vai ficar com raiva ou chateado. É claro que você vai sentir emoções negativas, mas agir de forma inconsciente é o que compromete nossa paternidade.




Benefícios da parentalidade consciente

  • Você se torna mais consciente de seus sentimentos e pensamentos;

  • Você se torna mais consciente e sensível às necessidades, pensamentos e sentimentos do seu filho;

  • Você se torna melhor em controlar suas emoções;

  • Você se torna menos crítico consigo mesmo e com seu filho;

  • Você se torna melhor em se afastar das situações e evitar reações impulsivas;

  • Seu relacionamento com seu filho melhorará.


Como praticar a paternidade consciente


Pense em uma situação em que você ficou chateado ou com raiva de seu filho - uma em que você reagiu automaticamente porque é isso que a maioria de nós fazemos quando surgem pensamentos, sentimentos ou situações difíceis. Em situações estressantes, quando nossas emoções são facilmente acionadas, é difícil ser a melhor versão de nós mesmos. Você pode ter a certeza que como toda e qualquer criança normal, seu filho encontrará e ativará esses gatilhos em você.


Para fazer a escolha de mudar seus comportamentos, primeiro você precisa se familiarizar com seus "pontos de pressão" e gatilhos emocionais parentais. Pontos de pressão são aqueles certos momentos de nossos dias quando estamos mais vulneráveis e menos disponíveis emocionalmente. Podemos estar nos sentindo estressados, cansados, oprimidos ou desamparados, ou nos sentimos preocupados com nossa vida pessoal ou profissional. Os gatilhos emocionais parentais são sentimentos ou julgamentos de sua própria infância que podem surgir quando seu filho realiza uma ação específica:

  • Seu filho se comporta de uma maneira que se choca com suas crenças. Exemplo: seu filho jogando comida em um restaurante ou pegando todos os brinquedos em uma loja, o que faz você se sentir extremamente envergonhado.

  • O comportamento do seu filho pode evocar uma memória e uma resposta da infância. Exemplo: seu filho não está no nível acadêmico que você acha que deveria estar e você se sente como se tivesse fracassado como pai / mãe porque, quando você recebeu uma nota ruim, seus pais disseram que não era bom o suficiente.

  • O comportamento do seu filho pode evocar um estado ou evento traumático. Exemplo: Se você quebrou o braço ao escalar um "trepa-trepa" quando criança e está com medo toda vez que seu filho vai ao parquinho.

  • O comportamento do seu filho ativa sua lente interior dos medos e desejos. Exemplo: se um dos seus filhos acordar o outro durante a noite, e no momento que ambos estão acordados no quarto escuro, ambos começam a chorar e você teme não conseguir dar conta de ajudá-los porque sente medo do escuro por causa do choro começando a se frustrar por isso, justamente por estar em uma condição de pai ou mãe.


Para sentir uma sensação de controle sobre suas emoções, primeiro você precisa ser capaz de reconhecer e prever que tipos de situações podem desencadear pontos de pressão e respostas emocionais em você.

Para isso existem algumas soluções simples e poderosas para criar crianças criativas, envolvidas e felizes nesse nosso mundo agitado de hoje, que chamamos de fatores-chave para os pais conscientes.




Três fatores-chave para os cuidados parentais


1. Observe seus próprios sentimentos quando estiver em conflito com seu filho

Pense no seu argumento mais recente ou em uma situação frustrante com seu filho. Quais sentimentos são desencadeados? Você está com raiva, nervoso, envergonhado? Tente sentir sua emoção ou acioná-la como uma onda - indo e vindo. Tente não bloquear ou parar a emoção. Não a julgue ou rejeite. Mas não tente manter a emoção por perto. Não se apegue a isso. Não a faça maior do que já é. Você não é sua emoção e não precisa agir de acordo com a emoção. Apenas esteja lá, plenamente consciente disso. Lembre-se de que você não precisa se culpar nem a seu filho pelo que aconteceu.


Em seguida, tente ver o conflito pelos olhos do seu filho. Se você não consegue ver bondade em seu filho durante uma birra ou discussão, pense em uma ocasião em que se sentiu conectado com ele e respondeu com gentileza. Tente lembrar essa versão do seu filho quando seu ponto de pressão for acionado.


Ao longo do dia, esforce-se para notar quando começar a sentir-se ansioso ou aborrecido. Isso pode ser um sinal de que seu ponto de pressão está sendo acionado. Depois de descobrir seus gatilhos, você pode passar para a próxima etapa.


2. Aprenda a fazer uma pausa antes de reagir com raiva

A parte mais desafiadora e mais importante da atenção plena (MindFulness) é poder encontrar esse espaço calmo no calor do momento. Nós praticamos encontrar esse espaço concentrando nossa atenção em nosso corpo e respiração, porque as emoções se mostram como mudanças no corpo ou na respiração. Quando desaceleramos e nos concentramos em nosso corpo e respiração, há uma mudança fisiológica que diminui nossas respostas reflexivas e aumenta as habilidades de nosso córtex pré-frontal, que é a parte do cérebro que controla nosso lado emocional, e a partir disso começamos a pensar melhor em nossas respostas e reações. Tudo isso leva a uma mente mais calma, onde você pode encontrar o espaço para se sentar com a emoção.


Quando somos capazes de fazer uma pausa, podemos sentir as emoções como sensações em nosso corpo sem estimulá-las, concentrando-nos no gatilho.

Nesse espaço, podemos nos lembrar de respirar e trazer nossos pensamentos de volta ao momento presente, e então escolher responder como queremos e não reagir porque estamos fora de controle.


3. Ouça atentamente o ponto de vista de uma criança, mesmo quando discordar dela

Seu filho vai agir como uma criança! Isso significa que eles nem sempre conseguirão gerenciar seus sentimentos. As crianças ainda estão aprendendo a controlar (e nós adultos também estamos) suas emoções além de possuírem prioridades diferentes das suas. Obviamente que alguns comportamentos que elas apresentarem irão acionar às vezes seu ponto de pressão, e está tudo bem.


O problema é quando os adultos começam a agir como crianças também perdendo o controle sobre suas emoções. Em vez disso, podemos ficar atentos e presentes na situação, ou seja, percebemos nossas emoções e as deixamos passar sem agir sobre elas. Dessa forma demonstramos todo nosso controle emocional e nossos filhos aprendem ao nos observar.


Aprender a fazer uma pausa antes de responder requer prática e nossa capacidade de controlar nossas emoções muda dependendo do que está acontecendo a cada dia. É por isso que o autocuidado é tão importante. Não podemos derramar tudo de nós mesmos todos os dias e nunca ter tempo para preencher de novo. Muitos pais se sentem culpados por cuidar de suas próprias necessidades. Isso não é egoísmo - é necessário. Torne-se uma prioridade para você, porque quanto melhor você se sentir, melhor será capaz de administrar não só as suas frustrações que surgem, mas também as frustrações dos seus filhos.


É importante aprender como se ajudar e como atender às suas necessidades emocionais. Exemplos de autocuidado podem variar de coisas como passar um tempo escondido no banheiro quando você não consegue lidar com seus filhos, parar alguns minutos para praticar uma respiração profunda, colocar um programa na televisão para que você e seu filho possam assistir juntos, fazer uma pausa para escrever em um diário, tomar banho, passear ou conversar com seu parceiro ou amigo. E, às vezes, não conseguimos nos recuperar a tempo e reagimos da maneira errada de modo que depois nos arrependemos amargamente.


Nesses momentos de estresse após perdermos a paciência com nossos filhos, podemos nos desculpar com com eles, dar um abraço bem demorado e bem profundo porque ainda estamos aprendendo e os pais também cometem erros. O segredo do sucesso está no conhecimento, na prática e na repetição, até que isso vire uma rotina e depois se torne um hábito.


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